Cometa *
Tú és qual um cometa de
vários universos
Vens, de tempos em tempos, mostrar tua face
Vens despertar emoções, sugerir novos versos
E, após um desencontro, buscar um novo enlace
Tú vens das névoas da
saudade adquirida
Vens da mais profunda penumbra que a dor traz
Partes de dentro da célula mais atingida
porém, vindo, carregas a droga mais eficaz
Eu sou apenas um poeta, um
sonhador
Um predestinado dos verbos sofrer e ferir
Um errante, em busca eterna do amor
Alguém que sonha ficar, quando é preciso partir
Tú vens do horizonte
distante
És uma estrela que de longe continua a reluzir
Alguém que de dentro do amigo clama pelo amante
E que o abandona quando este chega a sorrir.
* Poesia de Cid Castello
Campo Grande, 31 de outubro de 1982